08/12

Paciente redige carta em agradecimento à Santa Casa

 

No dia 30 de novembro, a pediatra responsável pelo Serviço de Apoio ao Aleitamento Materno (SAAM) da Santa Casa, Dra. Maria Zélia Tavares, recebeu uma carta de agradecimento redigida por uma paciente que foi assista pelo hospital no nascimento de seus dois filhos. Lauriana Gutierrez apresentava dificuldades para amamentação. Confira abaixo o relato na íntegra:

 

"Para equipe do setor da maternidade da Santa Casa:

 

Começo escrever essa carta na certeza de que dificilmente cumprirei meu objetivo de materializar através da escrita todo o agradecimento pelo carinho com que cuidaram de mim e de meus filhos nos momentos em que estivemos com vocês.

 

Há cerca de quatro anos, quando em minha primeira gestação, frequentei o Curso de Gestantes da Santa Casa, não podia imaginar o que passaria nos corredores do décimo andar, jamais passou pela minha cabeça que viveria sentimentos tão contraditórios de imensa felicidade e, ao mesmo tempo, de grande tristeza. Muito menos poderia pensar, que, ao meio de um turbilhão de sentimentos conheceria pessoas tão especiais e queridas que levarei em meu coração por toda vida. Pessoas que trabalham com amor à profissão, com respeito ao ser humano, a partir do princípio do reconhecimento da saúde como um direito e não como uma mercadoria, numa lógica que vai, portanto, para além da mercantilização da saúde.

 

Naquele momento, havia frequentado vários cursos de gestantes na cidade, mas o da Santa Casa foi especial, pois foi a partir da palestra sobre a importância da amamentação materna que escolhi a Dra. Zélia como pediatra do Nicolas, meu primeiro filho.

 

Zélia com sua generosidade e firmeza, foi mais do que uma médica, seus cuidados conosco extrapolavam o campo da Pediatria, tamanha sua sensibilidade de escuta dos problemas do dia a dia. Lembro-me como se fosse hoje, o dia em que recebi alta do hospital, com Nicolas nos braços, com mais de 72 horas de vida e tendo se alimentado somente 30 ml de leite artificial, por insistência da minha mãe que me acompanhava no hospital, pois eu não conseguia amamentá-lo com leite materno.

 

Dei a luz numa segunda, numa cesárea programada, recebi alta na quarta-feira seguinte, pois, eu e meu marido, nos comprometemos a procurar ajuda na amamentação. Fomos direto para a Santa Casa, e ao encontrar com Dra. Zélia imediatamente ela fez dois encaminhamentos. Primeiro cuidou do filho, pediu que dessem imediatamente leite para Nicolas, que tinha poucas forças para bebê-lo naquele momento e, em seguida, cuidou de mim, da mãe, pediu que as meninas do Posto de Coleta imediatamente começassem a fazer o trabalho de retirada do meu leite, através da dolorosa ordenha manual para evitar que o mesmo empedrasse.

 

Passei três dias indo à Santa Casa, manhã, tarde e noite, na tentativa de alimentar Nicolas com meu leite, apesar de todas as condições biológicas adversas. Entretanto, o único sentimento que consegui alimentar foi a frustação de como mãe não estar conseguindo cumprir o que, para mim, naquele momento, era a primeira tarefa de uma boa mãe, qual seja: a de alimentar seu filho. Quando a equipe da Santa Casa disse que precisariam me enfaixar para controlar minha produção de leite, faltou-me o chão. Aquelas faixas simbolicamente imobilizavam-me a alma, sabia ali que tinham tentado de tudo, embora negasse como mãe que as tentativas haviam chegado ao fim, no meu limite físico e principalmente emocional.

 

Na manhã seguinte, como orientada, retornei à Santa Casa, e as enfermeiras do Posto de Coleta encaminharam-me para ginecologista/mastologista que estava de plantão na emergência, para cuidar do meu caso. Foi quando conheci Dra Calina, uma pessoa rara, de uma simplicidade ímpar como poucas que tive o prazer de conhecer na vida, cuja generosidade e amor ao próximo só não são maiores do que seu amor à profissão. Calina, com uma racionalidade carinhosa, que lhe é peculiar, disse-me que precisaria entrar imdiatamente com uma medicação para secar meu leite a fim de evitar uma intervenção cirúrgica para drenagem dos seios, pelo fato de não conseguirem esvaziá-lo. Chorei, chorei muito, e até hoje choro ao me lembrar, pois alimentava o falso pressuposto de que o vínculo de meu filho comigo seria menor pelo fato de não vivenciarmos a experiência do aleitamento materno.

 

Hoje me emociono ao lembrar daquela manhã, não por tristeza mas sim, por emoção da libertação, pois, ali naquele instante comecei a preceber que jamais seria menos mãe de meu filho por não conseguir amamentá-lo com leite materno, e que precisaria sim, criar um outro vínculo de amamentação com o mesmo, pois ele precisava de todo amor que tinha em meu coração para ele, mais do que o leite materno que não conseguia dá-lo, o apoio, principalmente emocional da Dra. Calina foi fundamental para superar o difícil e tumultuado puerpério.

 

Tive a certeza, que em outras gestações não seria melhor assistida do que na Santa Casa, pela humanização no trato, entretanto, ao engravidar relutei em dar à luz em outro hospital, mas mais uma vez meu destino seria escrito junto com vocês, quando na manhã do dia 18 fui internada na emergência, já em trabalho de parto e com pressão um pouco elevada.

 

Ao chegar no quarto a primeira enfermeira que entra, foi a querida Bernadete, que logo me reconheceu, assim como à minha mãe. Depois de mais de três anos que nossas histórias se cruzaram, quantas mães não foram atendidas por ela, pensei, tive a confirmação de que estava no lugar certo no momento certo. Este reconhecimento, mais que uma boa memória, mostrou-me mais uma vez que para vocês cada paciente, cada mãe, cada criança que passa pelas mãos zelosas de vocês não são mais um ou mais uma e sim seres humanos singulares, com histórias, sonhos, desejos, angústias e alegrias singulares.

 

De tudo tenho a certeza de que Letícia, assim como Nicolas, chegaram ao mundo trazendo mais doçura a minha vida, trazendo novos desafios e, acima de tudo, enchendo-me de alegria e esperança na cosntrução de um mundo mais justo e humanizado, e, esta lição com exemplo de vocês desde os primeiros dias de vida.

 

Mais uma vez agradeço e reconheço o carinho e dedicação de TODOS e desejo as vocês e aos seus familiares um Feliz Natal e um ano novo repleto de novas alegrais e realizações, que Deus as abençoem sempre para que tenham força e coragem para continuar o trabalho único e necessário que desenvolvem.

 

Com enorme carinho eterno,

 

Lauriana Paiva Gutierrez."

 

O Serviço de Apoio ao Aleitamento Materno (SAAM) parabeniza a toda a equipe pela eficiência no trabalho em prol do aleitamento materno e cuidados com a mâe e o bebê – trabalho este reconhecido pelos avaliadores da iniciativa Hospital Amigo da Criança.

 
 
 

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