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Um presente de José

 

Karine Maria Pereira, 17, de Muriaé- MG, é uma adolescente cheia de sonhos, que praticava atletismo e futebol, além de ser muito estudiosa. Entretanto, aos 15 anos ela descobriu uma doença renal crônica. Por isso, a sala de aula e o esporte foram substituídos por três sessões de hemodiálise durante quatro horas, toda semana. A situação afastou Karine do universo dela e, por dois anos, a impediu de sonhar. Mas no dia 28 de novembro de 2017, faltando menos de um mês para o Natal, ela e sua mãe, Maria Lúcia Pereira, foram surpreendidas com a notícia de que havia a possibilidade de um transplante.

 

Enquanto isso, em Montes Claros – MG, a vida de outro adolescente também de 17 anos foi tragicamente interrompida e sua família, mesmo no momento de intensa dor, foi solidária e doou seus órgãos.

 

O transporte do rim até Belo Horizonte foi possível, contudo, de lá para Juiz de Fora – MG estava inviabilizado.  Ao receber esta informação, o médico coordenador do programa de transplantes da Santa Casa JF Gustavo Fernandes Ferreira tentou, junto às instituições responsáveis, uma maneira de transportar o rim, mas, apesar de todas as tentativas, ele não obteve êxito. Ao ver o tempo se esgotando o médico recorreu ao seu próprio carro, entretanto como já estava entardecendo e chovia muito, precisava de um motorista profissional e experiente.  E foi aí que o senhor José das Graças Silva, 69, depois de um dia todo de trabalho e de ter dirigido até o Rio de Janeiro – RJ, e voltado a JF, se disponibilizou imediatamente a viajar com o doutor Gustavo, sem nada cobrar, à capital do estado para a que a vida da Karine fosse salva. “Passei por isso na minha família, com meu cunhado que, infelizmente, faleceu antes de conseguir um transplante. Também tenho netos da idade dela, o que me deixou muito sensibilizado”, explica ele. Depois de 5h40 de viagem entre ida e volta, a cirurgia aconteceu e foi um sucesso.

 

Para a adolescente que recebeu o rim, a expectativa é de retorno às atividades. “Estou muito feliz porque vou voltar para a escola, a praticar a corrida e o futebol, coisas das quais eu sentia muita falta”. A mãe da Karine, Maria Lúcia, conta como foi lidar com a caçula de uma família de 10 irmãos. “Estou muito agradecida, pois logo que descobriu a doença foi difícil para ela. Eu a via revoltada, com raiva. Mas agora ela vai voltar à rotina normal”. O médico Gustavo Ferreira, que já prevê a alta da paciente, destaca. “O paciente confia sua vida ao nosso serviço e, por ele (paciente), temos que fazer tudo. Temos que ir além dos limites do sistema e, se não fosse o senhor José, com esse ato altruísta, nós não teríamos conseguido”.

 
 
 

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